Aprovadas diretrizes para o curso de jornalismo


05/03/2013


O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou no fim de fevereiro o Projeto que estabelece as novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Jornalismo. Agora, o documento segue para revisão técnica e, posteriormente, para homologação do Ministro da Educação Aloizio Mercadante.
 
A CNE aprovou a mudança de nomenclatura dos cursos da área de comunicação que até então eram designados como cursos de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, Publicidade/Propaganda, Relações Públicas, Rádio e TV, Cinema ou Editoração. Agora, os cursos de Jornalismo terão nomenclatura própria e serão designados como Curso de Bacharelado em Jornalismo.
 
O projeto foi elaborado por uma Comissão, constituída pelo então ministro da Educação, Fernando Haddad, presidida pelo professor catedrático da Escola de Comunicação da USP, Dr. José Marques de Melo e constituída pelos professores Alfredo Vizeu (UFPE), Luiz Motta (UnB), Sônia Virgínia Moreira (UERJ), Manuel Chaparro (USP), Sérgio Mattos (UFBA), Eduardo Meditsch (UFSC) e Lúcia Araújo (Canal Futura). Todos os membros da Comissão são doutores, jornalistas, pesquisadores e professores nos cursos de Jornalismo, exceção de Lúcia Araújo. A proposta foi entregue oficialmente ao Ministério da Educação em setembro de 2009, mas só agora foi apreciada pela CNE.

O parecer do relator do processo que estabelece as novas Diretrizes Curriculares, no geral, foi aprovado pela e agora aguarda a homologação do ministro da Educação para ser publicado no Diário Oficial da União. As novas diretrizes curriculares, entre outros temas, estabelece que os cursos terão estágio curricular obrigatório, uma carga horária total mínima de 3000 horas, atualmente está em 2700 horas; que o Trabalho de Conclusão de Curso possa ser realizado ou de forma prática, com elaboração de um produto jornalístico ou na forma monográfica, que incentiva, na graduação, a pesquisa científica; e ainda no contexto das recomendações politico-pedagógicas dos cursos ter por objetivo a formação de profissionais dotados de competência teórica, técnica, tecnológica, ética, estética; estar focado teórica e tecnicamente na especificidade do jornalismo, com grande atenção à prática profissional, sem detrimento da formação científica no âmbito das ciências humanas e sociais.
  
Desse projeto se definia ainda a especificidade da formação em jornalismo. Dizia o documento que “o Jornalismo é uma profissão reconhecida internacionalmente, regulamentada e descrita como tal no Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho. A Comunicação Social não é uma profissão em nenhum país do mundo, mas sim um campo que reúne várias diferentes profissões”, se pode dizer que a comunicação é uma área de conhecimento.

As novas diretrizes, conforme o documento elaborado pela Comissão de 2009, ainda estabelece alguns eixos fundamentais na formação do jornalista, quais sejam de fundamentação humanística, de fundamentação específica, de fundamentação contextual, de formação profissional, de aplicação processual e de prática laboratorial.
 
Para a diretora da Fenaj, Valci Zuculoto, as novas diretrizes trazem uma série de avanços em relação às atuais, que mesmo quando foram lançadas, em 2001, já não atendiam às reivindicações do campo do Jornalismo e da comunicação. Entre elas estão o equilíbrio de teoria e técnica, desenhando um perfil adequado ao exercício do Jornalismo na atualidade, estruturado a partir da função social do jornalista e o interesse público que está reservado à sua prática, a volta dos “cursos de graduação plena”, com autonomia curricular, ou seja, cursos específicos de Jornalismo, sem abdicar de sua inserção histórica na área da comunicação e de sua natureza acadêmica como ciência social aplicada e a atualização das diretrizes de acordo com as transformações do Jornalismo, como a demanda para atividades em assessoria de imprensa e a evolução tecnológica no Jornalismo. “Dessa vez as entidades do campo do Jornalismo conseguiram ser ouvidas e a proposta está mais próxima do que se precisa para a melhora do ensino de Jornalismo”, conclui Valci.
 
* Com informações do Observatório de Imprensa e da Fenaj.