América em fotos (III)


26/09/2008


A linha “tico-tico no fubá”

O América obteve boas colocações na década de 40. Em 1943, ficou em segundo lugar no Torneio Relâmpago e, no mesmo ano, chegou na terceira colocação entre dez participantes. Sob a direção de Gentil Cardoso, o time rubro venceu o Torneio Relâmpago em1945. Na temporada seguinte, a equipe americana terminou o campeonato carioca em primeiro lugar com o Botafogo, o Flamengo e o Fluminense, participando do supercampeonato de 1946. Em 1948, o clube foi o terceiro e, no primeiro semestre de 1949, ganhou o Torneio Início.

Nessa época, ficou famoso o ataque formado por China, Maneco, César, Lima e Jorginho. Como trocava passes rápidos e precisos, pouco finalizando contra o gol adversário, o compositor e locutor esportivo Ari Barroso chamou a linha atacante rubra de “tico-tico no fubá”, numa alusão ao ritmo da conhecida composição musical de Zequinha de Abreu. 

Nadou, nadou… e morreu na praia

No primeiro campeonato carioca disputado no Maracanã, o América, sob o comando técnico de Délio Neves, apresentou excelente conjunto, que permaneceu invicto durante 17 partidas. Na décima rodada do returno, perdeu a invencibilidade diante do Bangu. No penúltimo jogo, aconteceu a derrota frente ao Botafogo. Finalmente, com sete pontos perdidos, os rubros decidiram o título com o Vasco, que, com um ponto de vantagem, jogava pelo empate.

A primeira decisão carioca da era Maracanã, realizada no dia 28 de janeiro de 1951, apresentou a vitória vascaína por 2 a 1, gols de Ademir (2) e Maneco. O América nadou, nadou… e morreu na praia. Na foto, vemos o bom time americano, antes do jogo final: a partir da esquerda, Osni, Joel, Osmar, Osvaldinho, Ranulfo, Rubens, Natalino, Dimas, Godofredo, Jorginho e Maneco. 


O grito, 25 anos depois

A séria crise política vivida pelo clube, nos primeiros meses de 1960, protagonizada por Wolnei Braune e Fábio Horta, terminou com eleição de Waldir Motta. O jovem técnico Jorge Vieira substituiu o polêmico Iustrich e montou a equipe num ambiente de paz, enfatizando a importância do espírito de união no futebol americano.

Ari e Pompéia se revezavam na meta rubra; Jorge vindo do juvenil firmara-se como titular da lateral direita; Djalma Dias, outro egresso da divisão de base tão bem dirigida por Moacir Aguiar, ocupou o lugar de Lúcio vendido para o Sporting de Lisboa; Wilson Santos continuou na quarta zaga; Ivan, prata da casa, se garantiu na lateral esquerda; Amaro, titular desde 1957, e o veterano João Carlos formavam um meio campo técnico e experiente; Calazães, ex-Bangu, era o titular da ponta-direita; Antoninho, ex-juvenil, subiu para a equipe principal; Quarentinha veio da Bahia para o comando de ataque; e Nilo, ex-rubro-anil, ocupava a ponta esquerda. Na reserva, à disposição de Jorge Vieira, estavam Décio, Jailton, Leônidas, Fontoura, Emilson e Sérgio.

O América estreou no campeonato carioca de 1960, vencendo o Vasco por 1 a 0, gol de Quarentinha, no dia 31 de julho. A única derrota rubra aconteceu contra o Bangu, na 5ª rodada, por 1 a 0.

Faltavam duas rodadas para o término do campeonato e o América dividia a liderança com o Fluminense. Americanos e tricolores tinham seis pontos perdidos. O empate de 3 a 3 diante do Botafogo deixou o América com a desvantagem de um ponto em relação ao Fluminense.

No dia 18 de dezembro, a torcida tricolor compareceu ao Maracanã confiante na conquista do bicampeonato. (time do América antes do jogo final: em pé, Ari, Jorge, Djalma Dias, Amaro, Wilson Santos, Ivan e Olavo (massagista); agachados, Calazães, Antoninho, Quarentinha, João Carlos e Nilo)

Aos 26 minutos de jogo, Wilson Santos pôs a mão na bola dentro da área e o árbitro Wilson Lopes de Souza marcou pênalti. Pinheiro bateu forte, Ari rebateu e o zagueiro tricolor abriu a contagem. A torcida americana sentia o título mais distante.

Quando faltavam poucos minutos para terminar o 1º tempo, Jorge Vieira substituiu Antoninho por Fontoura. Logo no início da etapa final, aos quatro minutos, Nilo igualou o marcador. Mesmo com o empate, o título era tricolor. O time do América partiu para o ataque. Jorge sinalizava para o técnico que ia atacar. Jorge Vieira dizia para ele não deixar a defesa, porque Escurinho era um ponta muito rápido.

Aos 33 minutos, o árbitro assinalou falta contra o Fluminense. Nilo preparava-se para bater, quando Jorge não se conteve e acompanhou a trajetória da bola após o chute do companheiro. Castilho defendeu, largou e caiu de costas no canto esquerdo de sua meta. Quando o goleiro tricolor tentou se recuperar, Jorge chegou primeiro e marcou o gol do título.

No festivo vestiário rubro, Jorge Vieira e Antônio Cursatti, Vice-presidente de futebol, se emocionaram com a grande conquista. 

Alex, o grande capitão

Nos anos 70, o América chegou perto do título em dois campeonatos. Em 1974, ganhou a Taça Guanabara. No triangular decisivo, os rubros perderam para o Flamengo por 2 a 1 e empataram com o Vasco de 2 a 2. Com empate de 0 a 0 contra o Vasco, os rubro-negros se sagraram campeões. Luizinho liderou a artilharia do campeonato com 20 gols e Danilo Alvim foi eleito o melhor técnico do ano.

Em 1976, no quadrangular final, o América perdeu para o Fluminense por 2 a 0, empatou com o Vasco de 1 a 1 e ganhou do Botafogo por 3 a 0. A vitória por 1 a 0, sobre os vascaínos, deu aos tricolores o bicampeonato.

O alemão Alexandre Kamianecki era o grande capitão. Nascido em Hamburgo, naturalizado brasileiro, vestiu a camisa rubra por 13 anos. Dedicação, disciplina, lealdade e garra foram atributos que o levaram à liderança do elenco.

Detentor do Prêmio Belfort Duarte, por sua conduta exemplar dentro de campo, Alex recebeu a honraria de Mary Belfort Duarte, filha do grande ex-zagueiro americano: “Eu sempre ignorei o árbitro em campo. Queria jogar futebol. Não reclamava porque, se o árbitro não tivesse boas intenções, seria pior. Sempre procurei ser leal com todos os meus colegas. Eu respeitava todos dentro de campo, inclusive o público.” 

Campeão dos campeões sem ser campeão

No primeiro semestre de 1982, de abril a junho, o América participou do Torneio dos Campeões. Foram convidados 17 clubes campeões ou vices da Taça Brasil, da Taça de Prata e do Rio-São Paulo. O América foi convidado por ser a 18ª agremiação de maior participação nas três competições.

Na primeira fase, o América se classificou após enfrentar Cruzeiro, Atlético Mineiro e Grêmio. Na fase seguinte, eliminou a Portuguesa de Desportos e decidiu o torneio com o Guarani. Em Campinas, no primeiro jogo, houve o empate de 1 a 1. No dia 12 de junho, no Maracanã, novo empate de 1 a 1. Aos nove minutos da 2ª fase da prorrogação, Gilson “Gênio” marcou o gol do título. Gilberto e Elói, entre outros jogadores, ergueram o troféu dos campeões 

Rute, a jovem de 84 anos

Quem conhece Rute Aragão Rodrigues sabe que ela é uma jovem de mais de 80 anos. A paixão pelo América surgiu no momento em que ela veio ao mundo: “No dia 4 de outubro, quando pulei, brinco assim, já vim com a bandeira do América na mão. Desde pequena, na escola, nos lugares onde trabalhei, todos sabiam do meu imenso amor pelo América. O América é amor e a minha fonte inspiradora e de energia. Esse é o meu América.”

Se alguém quiser encontrar a Tia Rute, como é carinhosamente chamada, é só comparecer aos jogos do time. Amiga dos jogadores, conselheira dos torcedores mais jovens, ela prega a paz entre as torcidas.

No próximo dia 4, Tia Rute completará 84 anos de vida, boa parte dedicada ao clube de seu coração. Essa doce figura humana simboliza a fidelidade que a torcida rubra sempre demonstrou pelo América.

Lamartine Babo, outro grande torcedor americano, expressou essa fidelidade na letra de seu belo hino: “Hei de torcer, torcer, torcer, torcer… Hei de torcer até morrer…”