Alunos da USP-São Carlos visitam a ABI


23/10/2012


Cerca de 60 alunos do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos (IAU – USP) visitaram nesta terça-feira, 23, o prédio da ABI, com o objetivo de conhecer o trabalho dos Irmãos Roberto e a obra que representa um marco na arquitetura moderna brasileira.

A atividade foi coordenada pela professora doutora Eulalia Negrelos, que ministra a disciplina Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil II; pela doutoranda do IAU, Adriana Almeida, que realiza estágio do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino, junto a mesma disciplina; e pelo professor Marcelo Suzuki, responsável pela cadeira Projeto II. 

O grupo reuniu 52 alunos do segundo ano do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo do IAU-USP São Carlos e 9 alunos intercambistas.
A atividade acadêmica, que se aplica a todas as disciplinas do segundo ano letivo, é realizada anualmente pela universidade.

—O Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, seguindo o seu projeto político-pedagógico, realiza a cada ano uma série de viagens didáticas a sítios urbanos, conjuntos e cidades especificamente referidos aos conteúdos programáticos de suas diversas disciplinas, em função do entendimento da importância dessas viagens para a formação e a cultura do arquiteto. Buscamos consolidar a atividade como ocasiões singulares de integração horizontal entre disciplinas ministradas em um mesmo ano, explicou Eulalia Negrelos.

O roteiro das viagens inclui, em geral, São Paulo, Ouro Preto, Mariana, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Guaratiba e Niteroi, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
—O prédio da ABI, construído nos anos 1930 pelos arquitetos Marcelo e Milton Roberto, distingue-se como um dos primeiros edifícios de linguagem moderna construídos no Brasil. É um dos primeiros exemplares em que aparecem os chamados brises-soleil, dispositivos de controle da incidência direta da radiação solar nos interiores de uma edificação e que vieram caracterizar um dos aspectos do que se convencionou chamar de arquitetura moderna brasileira. O edifício está inserido em um conjunto de edificações que serão visitadas no Rio de Janeiro. Além disso, a organização de todos os pavimentos, sobretudo o do anfiteatro, nos interessa pela articulação entre arquitetura e soluções da engenharia, destacou Eulália Negrelos.

De acordo com a professora, a proposta da viagem possibilita a integração das disciplinas de uma forma mais ágil e proporciona aos alunos, por meio de insumos pontuais e de curta duração, a compreensão de temas e questões emergentes e de relevância relacionadas à Arquitetura e aos campos de conhecimento afins.
-No caso específico da visita ao edifício da ABI, além da observação direta do edifício e da maior possibilidade de compreensão da concepção projetual do mesmo, há o grande interesse pelo seu valor histórico e arquitetônico, sendo um dos primeiros exemplares da arquitetura moderna no país. Serão realizados ainda exercícios de observação de alguns pontos específicos da cidade do Rio de Janeiro, no caso o Aterro do Flamengo. No retorno à universidade, os alunos vão desenvolver painéis e um caderno de croquis sobre a viagem, afirmou Eulália Negrelos. 

Acervo

Além dos aspectos estruturais e arquitetônicos da ABI, o acervo fotográfico da entidade também chamou a atenção dos visitantes como Bruna Franco, aluna do IAU – USP.
—Gostei muito do acervo fotográfico da ABI. Destaco também o pé direito alto, os brises e a solução arquitetônica que não é percebida quando vista de fora. É surpreendente esta relação.

O estudante Caio Rodrigues também ressaltou o acervo de imagens da ABI e os espaços de lazer da entidade.
—O mezzanino localizado no 9º andar é muito interessante. A galeria de fotos antigas expostas no local nos remete ao passado histórico da ABI. Fiquei imaginando como deve ter sido a movimentação no local e também no salão de jogos abrigado no 11º andar.

Detalhes sobre área externa do prédio da ABI foram destacados pela estudante Caroline Niitsu:
—Fiquei impressionada com a relação do edifício e a rua no térreo. A concepção do projeto não interrompe o fluxo da rua. Além disso, os brises controlam de forma importante a edificação.  

A professora Eulália Negrelos comentou a influência do arquiteto francês Alfred Agache, autor do projeto de um plano diretor para o Rio de Janeiro. O Plano Agache se dedicou especialmente ao Centro do Rio, com ênfase na engenharia urbana, no tráfego e no saneamento. Concebia a aglomeração urbana como um organismo humano.
—A localização do prédio da ABI, cuja construção é anterior ao Palácio Capanema, se destaca pela utilização do parasol, pelo auditório que apresenta magnífica estrutura e se abre para uma solução importante com o vão do pé direito duplo e o vão do livre. Em relação ao térreo, o projeto dos Irmãos Roberto se adequou ao plano diretor de Alfred Agache, que trabalha com o pátio interno. A arquitetura moderna que veio depois não tem o pátio, vem com o bloco.

Ao final da visita, o grupo seguiu em direção ao Palácio Capanema.

—A ida ao prédio da ABI é sempre realizada em conjunto com a visitação ao Palácio Capanema. Isto se deve em razão da importância deste conjunto arquitetônico de linguagem moderna na conformação urbana do Centro do Rio de Janeiro, uma das questões chave da relação entre Arquitetura e Cidade, grifou Eulália Negrelos.