Adeus a Mário de Moraes


26/04/2010


O corpo do jornalista e fotógrafo Mário de Moraes, 84 anos, foi enterrado nesta segunda-feira, dia 26, às 17h, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele estava internado há 10 dias na Obra Portuguesa de Assistência, Hospital Egaz Moniz, no Centro do Rio, e morreu em decorrência de um câncer.

Sócio da ABI há 62 anos, o jornalista ingressou na entidade em 20 de janeiro de 1948, tendo Geraldo Moreira como proponente.

Como repórter e fotógrafo, o carioca Mário de Moraes se destacou entre os grandes nomes da imprensa no País, com aplaudida atuação no Brasil e no exterior. Foi correspondente na Guerra de Angola, entrevistou com exclusividade o assassino de Trotsky, foi autor do único close de Getúlio Vargas morto, cobriu diversas Copas do Mundo, recebeu dois Prêmios Esso.

Mário de Moraes nasceu em 15 de julho de 1925. Formado em Direito, iniciou a carreira profissional como jornalista aos 17 anos, em 1942, como repórter do jornal O Radical, e, logo depois, no jornal O Mundo e na revista Fon-Fon, e, a partir de 1950, na revista O Cruzeiro, na qual recebeu o primeiro Prêmio Esso de Reportagem pela matéria “Os paus-de-arara — uma tragédia brasileira”. Juntamente com o jornalista Ubiratan de Lemos, Mário de Moraes registrou a realidade dos nordestinos que vinham para o Rio de Janeiro, de caminhão, fugindo da seca. Durante a viagem, Mário de Moraes contraiu tifo e ficou doente três meses.

Ao longo da década de 1950, Mário de Moraes trabalhou também na TV Tupi, como assistente dos diretores Maurício Sherman e Alcindo Diniz nos programas “Qual é o assunto”, “Seu melhor momento”, e “Hebe Camargo”.

Em 1964, a convite de Mauro Salles, então Diretor do Departamento de Jornalismo da Rede Globo de Televisão, Mário de Moraes passou a integrar o núcleo na função de chefe de reportagem, tendo sido um dos responsáveis pela criação do primeiro telejornal da emissora, o TeleGlobo. Em 1966, o jornalista recebeu um convite para retornar à revista O Cruzeiro, como Diretor de Redação.

O jornalista, que foi assessor de imprensa de diversas empresas, escreveu os livros “Luz de vela” (1965), “A reportagem que não foi escrita” (1968), “Amor no cemitério e outras histórias de assombração” (1968), “O mundo me ensinou a pecar” (1976), “História de um cachorro… contada por ele mesmo” (1977), “Recordações de Ari Barroso” (1979) e “As feras estão soltas” (1979).

Em 1986, Mário de Moraes recebeu o segundo Prêmio Esso pela criação da Revista da Comunicação. Em junho de 2005, concedeu entrevista ao site ABI Online sobre a consagrada trajetória na imprensa brasileira.

Veja aqui a entrevista na íntegra.