ABI recebe visita de alunos do ensino médio


28/05/2009


Na tarde desta quarta-feira, dia 27, cerca de 40 alunos do ensino médio, da Escola Estadual Maria Zulmira Torres, localizada no município fluminense de Cachoeiras de Macacu, visitaram a sede da ABI e conheceram um pouco da história do jornalismo brasileiro.

A professora de português e literatura Claudia Nascimento explicou que a visita faz parte de um programa do Governo do Estado que, por meio do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), incentiva o desenvolvimento de projetos direcionados aos alunos do ensino médio da rede estadual de ensino:
— Para a nossa escola está previsto a criação de um jornal. Então, tive a idéia de convidar o jornalista Erasmo Trielli Junior para ministrar palestras para os alunos. O programa também inclui a visita a uma instituição de comunicação e o Trielli escolheu a ABI.

Segundo Cláudia, a idéia de criar um jornal feito pelos alunos surgiu a partir da constatação de que os jovens têm recebido um volume grande de informação, mas não sabem bem como utilizá-lo:
— Eles têm tido muito acesso aos meios de comunicação, mas não conseguem filtrar o que interessa, o que de fato é importante para a formação. Acredito que, ao produzirem um jornal, eles entenderão a importância da informação e o que fazer com ela. 

Censura 

    Cláudia Nascimento e Erasmo Trielli

Guiados pelo jornalista Erasmo Trielli, os estudantes iniciaram a visita no 7º andar do edifício-sede da ABI, mais precisamente pela Sala Belizário de Souza, onde os Conselheiros da entidade se reúnem regularmente. No local, Trielli detalhou as trajetórias de Hebert Moses e Barbosa Lima Sobrinho.
— Eles estiveram à frente da Associação nos períodos mais duros para o exercício da profissão, que foram as ditaduras de 1937 a 1945, e de 1964 a 1985. Os jornalistas eram censurados, não podiam se expressar livremente. Muitos perseguidos recorriam à ABI. Em cada jornal havia um censor, que só permitia a publicação dos assuntos que interessavam ao regime. Como forma de denunciar a censura, alguns veículos publicavam receitas de bolos e versos de Camões nos espaços das reportagens vetadas.

Sócio da ABI desde 1999, Trielli atuou nas redações da Tribuna da Imprensa, Estado do Rio e O Macacuano. Atualmente, assina uma coluna na revista 3T e escreve para o jornal Cachoeiras, onde publicou uma matéria que resultou em agressão praticada pelo então Prefeito de Cachoeira de Macacu César de Almeida.
—Assinei uma reportagem que desagradou o Prefeito. Então, ele me deu um soco. Fiz exame de corpo de delito e comuniquei o fato à ABI, que imediatamente divulgou o assunto em todo a imprensa. Além disso, a Associação colocou um advogado à minha disposição.

Ao expor o fato aos alunos, Trielli enfatizou que se algum deles optar pela carreira de jornalista, poderá contar sempre com a ABI:
— Em todas as redações pelas quais passei, os colegas sempre aplaudiram a Associação como uma entidade de vital importância. Um dos principais objetivos desta visita é justamente despertar o interesse para a profissão de jornalista. 

Cinema

 Os estudantes Mirelly, Marlon e Raquel

Na seqüência, os alunos conheceram o Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar.
— Aqui foram realizadas as primeiras projeções dos cineastas que criaram o Cinema Novo, movimento que revolucinou o cinema nacional, dando ênfase aos problemas brasileiros. Até então, predominavam as chanchadas, que eram filmes feitos para divertir o povo e não provocavam nenhuma reflexão, explicou Trielli.

No Salão de Estar, localizado no 11º andar, o jornalista destacou a figura do célebre maestro e compositor Heitor Villa-Lobos:
— O espaço foi batizado com o nome do maestro, que era freqüentador assíduo da Casa, e aqui exercitava o seu passa-tempo predileto: o bilhar francês.

Uma das alunas se interessou em saber mais sobre a vida e a obra do maestro, e informou que vai baixar suas composições pela internet.

Na Biblioteca Bastos Tigres, no 12º andar, os jovens entraram em contato com diversas coleções importantes como as das revistas Manchete, O Cruzeiro, Fatos & Fotos e Realidade, e dos jornais O Pasquim, Movimento, entre outros.

Os estudantes Mirelly Siqueira, Raquel da Silva Menezes e Marlon Custódio formaram um grupo entusiasmado com a descoberta da rotina de reportagem. Com bloco e caneta nas mãos, os jovens entrevistaram funcionários e associados da Casa, empenhados na produção do jornal escolar, que deverá estar pronto até o próximo dia 15.