08/09/2020
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) se opõe fortemente à possível extradição de Julian Assange aos Estados Unidos, onde ele poderia ser sentenciado a 175 anos de prisão por fornecer aos jornalistas informações de interesse público.
O uso que o governo Trump faz da Lei de Espionagem pode levar à condenação de Assange e a uma pena de 175 anos de prisão. Isso abriria um precedente perigoso para todos os jornalistas que publicam informações consideradas de interesse público.
Em retaliação por seu papel de intermediação nas importantes revelações feitas pela imprensa internacional sobre a maneira como os Estados Unidos conduzem suas guerras, Assange tornou-se alvo de 18 acusações nos EUA, incluindo 17 que se enquadram na Lei de Espionagem. A justiça do Reino Unido vai considerar a extradição aos EUA a partir de 24 de fevereiro.
Os supostos crimes de Julian Assange remontam a 2010, quando a organização fundada por ele, a WikiLeaks, transmitiu documentos a veículos de comunicação, entre os quais os jornais Le Monde, The Guardian e New York Times.
Os documentos, que foram repassados à WikiLeaks pelo delator Chelsea Manning, incluíam 250 mil telegramas diplomáticos e milhares de relatórios sigilosos internos do exército dos EUA sobre operações militares no Iraque e no Afeganistão. Sua revelação expôs casos de tortura, sequestro e desaparecimentos*.
A publicação de tais informações por veículos de comunicação era claramente de interesse público e não um ato de espionagem. A contribuição de Julian Assange para o jornalismo é inquestionável.
Assange se refugiou na Embaixada do Equador em Londres por sete anos, mas, em consequência de uma mudança de governo no Equador, foi entregue às autoridades do Reino Unido e preso no dia 11 de abril de 2019.
A RSF insta o governo do Reino Unido a priorizar os princípios de liberdade de expressão e de defesa do jornalismo no tratamento conferido a Assange, agindo de acordo com a lei e as obrigações relativas a direitos humanos do Reino Unido.
A RSF se preocupa com a saúde de Assange. Após visitá-lo na prisão londrina de Belsmarsh em 9 de maio, o relator especial das Nações Unidas Nils Melzer informou que Assange havia sido deliberadamente exposto a tratamento desumano e degradante que poderia ser descrito como tortura psicológica.
Todos os dias, organizações de notícias utilizam e publicam informações sigilosas para servir ao interesse público. Se a perseguição jurídica a Julian Assange continuar, o jornalismo investigativo e a liberdade de imprensa é que serão as vítimas.
Diante de fatos tão urgentes, por favor, assine esta petição pedindo que o Reino Unido não acate o pedido de extradição de Julian Assange feito pelos Estados Unidos. Utilize a hashtag #FreeAssange para compartilhar este apelo!
*O vídeo “Collateral Murder”, publicado pela WikiLeaks, revelou que o repórter da Reuters Namir Noor-Eldeem e seu motorista e assistente Saeed Chmagh foram mortos em Bagdá, no dia 12 de julho de 2007, por tiros disparados por um helicóptero dos Estados Unidos.
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Acesse o link: https://rsf.org/pt/free-assange