ABI divulga declaração de pesar


09/05/2008


A Diretoria da ABI divulgou declaração manifestando seu pesar pelo falecimento do jornalista Artur da Távola, que era membro do seu Conselho Deliberativo, eleito em abril de 2007 e cujo mandato se estenderia até abril de 2010.

Diz a declaração, assinada pelo Presidente da ABI:

A Diretoria e o Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa receberam com forte sentimento de pesar o falecimento do jornalista, produtor musical, escritor e professor Paulo Alberto Monteiro de Barros, membro do seu Conselho Deliberativo, eleito em abril de 2007 e com mandato que se estenderia até abril de 2010, o qual granjeou merecido renome como jornalista e homem público sob o pseudônimo de Artur da Távola, por ele adotado inicialmente no exercício da atividade jornalística e depois na vida pública, graças à notoriedade que justamente alcançou assinando seus trabalhos na imprensa sob esse heterônimo. Paulo Alberto, como ainda o chamavam os amigos mais antigos, tinha como natural destinação a advocacia e a vida pública, que iniciou em 1960, pouco após concluir o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e viu sua trajetória modificada pela eleição para deputado constituinte no antigo Estado da Guanabara. Eleito pelo antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN), Paulo Alberto elegeu-se depois, em 1962, deputado estadual à Assembleia Legislativa da Guanabara, agora pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Assim se integrou ao conjunto de forças que apoiavam o Governo João Goulart e seu programa de reformas e teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos após o golpe militar de 1° de abril de 1964, que o incluiu na primeira lista de punidos pelo regime discricionário que então se instalava. Por sua forte oposição ao Governo Carlos Lacerda e diante do risco de prisão e violência por parte da Polícia Política a serviço deste, Paulo Alberto exilou-se na Bolívia e no Chile, onde viveu alguns anos.

Após seu retorno ao Brasil, no fim dos anos 60, e impedido de exercer atividades de repercussão pública com seu nome de batismo, Paulo Alberto foi acolhido em 1968 pelo jornalista Samuel Wainer, proprietário do jornal Última Hora, que também regressara do exílio, inicialmente no Uruguai e depois na França. Wainer idealizou duas formas de proteger Paulo Alberto contra eventuais perseguições: ele escreveria sobre televisão e com um pseudônimo que o próprio Wainer sugeriu, o de Artur da Távola, o que poderia colocá-lo a salvo de perseguições dos inimigos políticos, o que se confirmou. 

Paulo Alberto iniciou então uma notável carreira como jornalista. Com o restabelecimento do Estado de Direito, elegeu-se Deputado federal e participou da Constituinte de 1987-1988, na qual teve destacada atuação como membro da comissão de sistematização, que elaborou o Anteprojeto da Constituição. Foi Presidente da comissão temática encarregada de definir as disposições relacionadas com comunicação, cultura, família, educação, esporte, ciência e tecnologia. Em 1986 elegeu-se Senador, cargo em que teve grande relevo e em que exerceu a liderança do Governo Fernando Henrique Cardoso. 

Como jornalista, escritor e produtor musical, área em que se destacou na Rádio Ministério da Educação e Cultura, de que era um dos mais antigos redatores, na qual ingressou em 1957; na Rádio Senado, com a qual colaborava há 11 anos, desde que deixou o mandato de senador, e na Rádio Roquette-Pinto, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, cuja direção assumiu a convite do Governador Sérgio Cabral e para a qual concebera uma série de projetos, visando a revitalizá-la e a lhe devolver o antigo prestígio, parte dos quais não pôde implantar, em razão das sucessivas internações que sofreu ao longo do último ano. 

Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros, seu nome civil, deixou densa obra em livros, ensaios e estudos assinados com o pseudônimo que Samuel Wainer concebeu e que ele honrou ao longo de sua exemplar vida de intelectual e homem público.

É a esse companheiro que a ABI rende homenagens neste dia de grande tristeza. 

Rio de Janeiro, 9 de maio de 2008.
Maurício Azêdo, Presidente.