ABI denuncia totalitarismo da CBF


18/07/2011


A ABI considera manifestação de totalitarismo a decisão do Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, de adotar critérios discricionários para credenciamento de jornalistas e veículos interessados na cobertura da Copa do Mundo 2014. A ABI considera também que Teixeira não entende de imprensa no Brasil e no mundo quando afirma que “a imprensa brasileira é muito vagabunda”.
 
 
As opiniões da ABI foram emitidas no dia 12 em entrevista ao jornalista Eliano Jorge, do Portal Terra Magazine, que lhe submeteu um questionário ao Presidente da Casa, Maurício Azêdo, no qual é citado que, entre vários ataques diretos a veículos de comunicação brasileiros, Ricardo Teixeira afirmou: “A imprensa brasileira é muito vagabunda”. Eliano Jorge perguntou ao Presidente Maurício Azêdo como a ABI avaliou as referências aos jornalistas feitas por Ricardo Teixeira.
 
 
De acordo com Eliano Jorge, o presidente do Comitê de 2014 também ameaçou claramente retaliar jornalistas na Copa do Mundo: “Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015. E aí, acabou”. 

“O que o senhor pensa dessa afirmação? A ABI se manifestará sobre o assunto ou prepara alguma providência?”, indagou o repórter do Terra.
 
 
Em resposta ao Terra, disse o Presidente da ABI:
 
 
“A avaliação do Senhor Ricardo Teixeira em relação ao nível de qualidade da imprensa brasileira, que ele chama de vagabunda, demonstra que ele não entende de imprensa   
nem aqui nem no resto do mundo. Os jornais e revistas brasileiros figuram entre os mais bem-feitos do mundo, tanto no aspecto editorial, na produção e  elaboração de textos e reportagens, como também no que concerne à apresentação gráfica.
 
 
Isso fica visível na comparação entre os veículos brasileiros e os dos países mais importantes  do Ocidente, como os Estados Unidos, a França, a Itália, a Alemanha, a Espanha, Portugal, e os veículos de países  da América do Sul,como a Argentina, o Chile, o Paraguai, a Colômbia, a Venezuela. Vagabunda é a ligeireza com que pessoas sem  qualificação técnica e cultural se arvoram em árbitros da qualidade da imprensa brasileira.

A ameaça do Senhor Ricardo Teixeira de não dar credencial e proibir o acesso de jornalistas e veículos a eventos da Copa do Mundo de 2014 é expressão de seu totalitarismo, de sua crença de que ainda estamos no período ditatorial em que ele cevou seu poder discricionário.
 
 
No momento próprio, essas demasias do Senhor Ricardo Teixeira serão derrubadas pelo Poder Judiciário. A Copa do Mundo 2014 não será um  evento privativo da CBF, mas  uma realização do País, para qual terá concorrido de
maneira decisiva o Poder Público. O Poder Judiciário poderá, por isso, determinar à CBF e ao Senhor Teixeira comportamentos compatíveis com o regime democrático instituído pela Constituição de 5 de outubro de 1988.
 
 
A ABI não adotará qualquer medida em relação a essas manifestações do delírio fascistoide  do Senhor Ricardo Teixeira, fiel à lição popular de que não se deve gastar vela com  mau defunto.”
 
 
Lance!
 
 
Dias antes, em 7 de julho, o jornalista Michel Castellar, do diário esportivo Lance!, solicitou um pronunciamento da ABI sobre declarações do mesmo Ricardo Teixeira à revista Piauí, que “evidenciou a intenção de manipular o credenciamento para a Copa do Mundo e eventos pertinentes a ela. Diz, por exemplo, que isso ocorrerá porque aos veículos de imprensa considerados amigos tudo será dado. Já aos inimigos…apenas uma credencial”.
 
 
Castellar quis saber do Presidente Maurício Azêdo se “por causa de declarações discriminatórias desse tipo, que permeiam a entrevista, gostaria de saber como a ABI se posiciona a respeito e se também existe alguma possibilidade de a associação, juridicamente, fazer algo a respeito.”
 
 
A resposta do Presidente da ABI:
 
 
“A Associação Brasileira de Imprensa condena comportamentos como esse anunciado pelo Presidente da CBF à revista Piauí, porque o acesso à informação deve ser aberto a todos os jornalistas e veículos,  sem discriminações nem preferências de qualquer espécie. Os veículos não podem ser classificados como amigos  ou inimigos dos dirigentes da CBF e dos organismos responsáveis pela organização da Copa do Mundo de 2014, pois todos estão a serviço da sociedade.”

Maurício Azêdo disse também a Michel Castellar que “não cabe à ABI nem a outra instituição de imprensa qualquer iniciativa de caráter judicial em relação a essa discriminação, porque antes de tudo é preciso que se concretize a distinção que o Presidente da  CBF pretende fazer em relação aos veículos, tratando uns como amigos;  outros, como inimigos”.