14/04/2008
Fotos: Rafael Wallace |
Maurício recebe Medalha das mãos de André |
Para festejar a fundação da Associação Brasileira de Imprensa, há cem anos, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro realizou na sexta-feira, dia 11, sessão solene no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, para a entrega da Medalha Tiradentes à entidade. A iniciativa de condecorar a ABI com a maior comenda do Estado do Rio foi do Deputado André do PV, para quem a entidade é “trincheira inexpugnável da defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos”.
Presidida pelo parlamentar, a mesa de honra reuniu o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, o Diretor de Assistência Social da Associação, Paulo Jerônimo, e a professora Dalva Lazaroni. André iniciou a cerimônia de entrega da comenda dizendo-se feliz por homenagear o centenário da Associação no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, “grande brasileiro que presidiu a Casa em vários mandatos e sempre em momentos de importância para a vida nacional”.
Em seu discurso, ele destacou os cem anos de dedicação da ABI à causa dos jornalistas e à defesa dos direitos da cidadania, sublinhando episódios marcantes da história da entidade:
— Na sede da ABI foram realizadas as reuniões patrióticas que antecederam a Lei de 1953, que instituiu a Petrobras. Em 1976, um ato terrorista destruiu todo o sétimo andar de sua sede. Também durante a ditadura, a entidade foi palco de protesto e indignação contra o assassinato de Vladimir Herzog. Na mesma época, recebia numerosas famílias de jornalistas desaparecidos que a procuravam em busca de ajuda.
O pioneirismo do fundador Gustavo de Lacerda e de destacados presidentes da Casa, como Herbert Moses e Barbosa Lima Sobrinho, foi lembrado pelo Deputado:
— Certa vez, em entrevista a um jornal, Barbosa Lima Sobrinho disse que a imprensa desempenha um papel fundamental na história do Brasil e que tem sido guardiã das liberdades públicas e dos interesses nacionais.
Sobre o papel da Associação nos dias de hoje, André do PV afirmou que a entidade, “tão bem dirigida pelo nobre jornalista Maurício Azêdo, segue cumprindo à risca os rumos que a História lhe destinou, fazendo lembrar os esforços de Gustavo de Lacerda, de Prudente de Moraes, neto e de Barbosa Lima Sobrinho”.
Paulo Jerônimo, Maurício Azêdo e André |
Incansável
Maurício Azêdo agradeceu ao Deputado, “parlamentar com destacado desempenho e incansável defesa do meio ambiente e dos direitos humanos”, à professora Dalva Lazaroni — a quem elogiou pela iniciativa de escrever a biografia da maestrina e compositora Chiquinha Gonzaga — e o Diretor da ABI Paulo Jerônimo, “dono de longa e brilhante trajetória no jornalismo brasileiro”.
O Presidente da ABI enfatizou que a realização da cerimônia no Plenário Barbosa Lima Sobrinho realçou a significação da concessão da medalha à Casa do Jornalista.
— Como ele mesmo dizia, de um lado temos o partido de Silvério dos Reis, que entrega as nossas riquezas e o patrimônio público, e de outro temos o partido de Tiradentes, daqueles que não aceitam qualquer forma de dominação e intervenção no interesse público.
Maurício afirmou que a imprensa e o Poder Legislativo são os pilares do regime democrático que se dedicam à missão comum em favor do crescimento da cidadania e dos direitos sociais:
— No Legislativo se apresentam as angústias, necessidades e os projetos para a comunidade. A imprensa transmite ao conjunto da sociedade as informações necessárias para que cada cidadão ganhe consciência e, nos momentos oportunos, possa intervir nas decisões.
Segundo o Presidente da ABI, o Legislativo foi grande aliado da imprensa também no começo da República, diante da ferocidade com que o Governo Floriano Peixoto tratava seus adversários, e nos anos 20, perante a violência do Governo Arthur Bernardes:
— Nesses e em outros momentos, os parlamentares defenderam os interesses coletivos e tiveram na imprensa o meio de divulgação de seus pronunciamentos em favor do avanço das conquistas sociais.
Ele lembrou ainda que a Assembléia Legislativa foi palco de momentos históricos do País, como a cassação dos deputados após a Assembléia Constituinte de 1934 e a instalação, em 46, da primeira Legislatura da Câmara “após um longo período de privação das liberdades e dos direitos civis pela ditadura do Estado Novo”. Os nomes de Afonso Arinos e Carlos Lacerda foram destacados como “memoráveis parlamentares e oradores” e os de Jorge Amado e Carlos Marighella, como importantes quadros da primeira bancada do Partido Comunista Brasileiro que teve assento no Palácio Tiradentes.
Ao fim da solenidade, André do PV, em nome da Câmara, estendeu as homenagens ao ex-Presidente da ABI Fernando Segismundo, “democrata convicto e valente historiador da Associação no correr de muitas décadas”; e ao atual Vice-presidente da entidade, Audálio Dantas, “mestre de muitas gerações de jornalistas, ex-Presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e defensor invulgar dos companheiros perseguidos e presos pelo regime de então”. Outro homenageado da noite foi o membro da Comissão Diretora de Assistência Social da ABI Eloy Santos, que recebeu o título de cidadão benemérito do Estado do Rio de Janeiro.
A comenda
A Medalha Tiradentes foi criada pelo decreto-lei estadual em agosto de 1989. É concedida a personalidades nacionais e estrangeiras que tenham prestado serviços ao Rio de Janeiro, ao Brasil ou à humanidade. A comenda é acompanhada de diploma e traz, no anverso, a efígie de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e a legenda Alerj; e no reverso, a inscrição Libertas Quae Sera Tamem, dentro do contorno geográfico do Brasil.