A imprensa se espalha
feito “cobra de vidro”


18/09/2020


“Cobra de vidro” é uma das muitas lendas que traduz o papel de resistência em diferentes embates: você corta a cobra e ela se multiplica. Esta é a força deste sexto episódio da série Resistir é Preciso, apresentada pela ABI e pelo Instituto Vladimir Herzog.

A partir de 1976, dezenas de jornais alternativas passam a representar as muitas lutas dos negros, homossexuais, causa indígena e operária, dos sindicatos, contra-cultura, além das muitas facções políticas que começam a colocar a cabeça pra fora: MR-8, PCdoB, Partidão. E os movimentos de Anistia.

Contam estas histórias, entre outros: Fernando Pacheco Jordão, Audálio Dantas, Franklin Martins, Gildo Marçal Brandão, Paulo Moreira Leite, Alípio Freire, Juca Kfouri, Sergio Gomes, José Hamilton Ribeiro, Fernando Moraes que, eleito deputado estadual em São Paulo, acaba descobrindo um plano diabólico da ditadura para acabar com a imprensa alternativa.

Um depoimento à parte é do Aguinaldo Silva, editor-chefe de “O Lampião”, primeiro jornal gay do país. Aguinaldo conta, rindo muito, que quando era parado, nas ruas, pela blitz da ditadura, dizia que estava levando em seu fusquinha “um jornal de viado…” Os soldados imediatamente o liberavam.

Sem contar os olhos marejados do mineiro José Maria Rabêlo ao contar a emoção da volta do exílio.

Por Ricardo Carvalho, diretor da ABI em São Paulo.