A ABI instala Representação em Minas


04/06/2011


Em concorrida cerimônia realizada na Academia Mineira de Letras, na noite do dia 1 de junho, quarta-feira, a ABI declarou instalada a sua Representação de Minas Gerais, que tem à frente o jornalista e editor José Eustáquio de Carvalho, conhecido nos meios jornalísticos e culturais de Belo Horizonte como Taquinho e que trabalhou como repórter, redator e chefe de Redação de jornais de Minas e de sucursais de jornais e revistas de outros Estados, entre as quais “IstoÉ”, logo após a sua criação. O Presidente da Honra da Representação é o jornalista e professor de Direito José Mendonça, de 93 anos, que foi um dos fundadores do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1962. A Representação da ABI em Minas soma-se à de São Paulo, criada nos anos 70.

A criação da Representação integrou as comemorações do Dia da Imprensa realizadas pela ABI, a qual incluiu essa cerimônia e, no Rio, a homenagem ao jornalista Zuenir Ventura pelos seus 80 anos. Ao dar posse ao Diretor de Representação, o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, salientou a alta representatividade de Eustáquio, escolhido por unanimidade pelo numeroso grupo de profissionais que integram o Conselho Consultivo da Representação. Em seu primeiro pronunciamento, Eustáquio expôs as linhas gerais da atuação da Representação, que vai concentrar esforços em iniciativas que contribuam para o aprimoramento técnico, cultural e ético dos jornalistas mineiros, promovam a troca de experiências entre os profissionais há mais tempo em atividade e os jovens profissionais e estudantes de Jornalismo e de Comunicação Social e a valorização da rica trajetória de Minas Gerais no campo do jornalismo, através da criação de unidades e serviços culturais, como o museu da comunicação no Estado.

Tendo como mestre de cerimônia o jornalista Guilherme Mauro, neto do cineasta Humberto Mauro, um dos pioneiros do cinema brasileiro, a solenidade contou com uma mesa de honra formada pelo Presidente da Academia Mineira de Letras, escritor Orlando Vaz, pelo Professor José Mendonça e pelo Secretário de Comunicação Social do Estado de Minas Gerais, jornalista Nestor de Oliveira. Foi considerado também como integrante da mesa o jornalista Aloísio Morais, Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais. Além de Mendonça, que leu o sucinto termo de instalação da Representação, de Orlando Vaz, Nestor de Oliveira, Eustáquio e Maurício, discursou no ato o jornalista Glauco de Oliveira, Diretor da Editora Book Link, do Rio de Janeiro, que editou uma plaqueta historiando os antecedentes da criação da Representação.

Participaram do ato associados da ABI radicados em Belo Horizonte, como Aureclydes Ponce de Leon, Sérgio A. Neves, Vice-Presidente da Associação Mineira de Imprensa, e Rogério Faria Tavares, âncora do programa Rede Mídia, da TV Rede Minas; o ex-Deputado federal Nilmário Miranda, Presidente da Fundação Perseu Abramo, de São Paulo; e o jornalista Edvaldo Farias, Diretor-Geral da TV C, Canal 6 da Net, entre dezenas de convidados.

Audiências

Na véspera da sessão, o Presidente da ABI e os membros do Conselho Consultivo da Representação foram recebidos em audiência especial pelo Governador Antônio Anastasia, que saudou a chegada da ABI a Minas Gerais e fez até um questionamento: por que isto se deu somente agora? Em seguida, a convite do Governador, que embarcaria minutos depois para as comemorações do aniversário do Município de Divinópolis, a comitiva da ABI visitou as instalações do complexo cultural que o Governo do Estado está implantando na área do Palácio da Liberdade, em razão da transferência dos órgãos de Governo para a Cidade Administrativa criada pelo Governo Aécio Neves e projetada por Oscar Niemeyer.

Os dirigentes da ABI participaram também de uma audiência com a Diretora do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais – Servas, Andréa Neves, na quarta-feira, dia 1, e de uma reunião com técnicos do Serviço Federal de Apoio à Micro e Pequena Empresa de Minas-Sebrae MG, na quinta-feira, dia 2. Com estes os representantes da ABI discutiram questões relacionadas com o tema A Evolução do Relacionamento entre a Imprensa e as Empresas no Brasil.

Legalidade: Exceção

Por sugestão dos companheiros de Minas, o Presidente da ABI fez na sessão na Academia Mineira de Letras uma exposição sobre o tema A ABI e a Construção da Democracia Brasileira, obra que ele definiu como extremamente difícil, dada a tradição de autoritarismo no País. Nos nossos 122 anos de regime republicano, disse, o respeito à legalidade foi exceção no País, que conheceu pouco mais de um terço sob o império de instituições democráticas, diferentemente do que aconteceu sob a própria Monarquia no Governo do Imperador Dom Pedro II, que, como assinalou um de seus biógrafos, o historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho, tinha em alto apreço a liberdade de imprensa. Se não for através da imprensa, questionava Dom Pedro II, como vou saber o que os meus ministros estão fazendo de errado?

Lembrou Maurício que esse autoritarismo se manifesta já nos primeiros anos da república, com as violências praticadas no Governo do Presidente Marechal Floriano Peixoto, como relatado numa das obras-primas da literatura brasileira, “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto.

Em sua exposição, o Presidente da ABI acentuou que a grande contribuição da Casa à construção da democracia entre nós é a sua incansável pregação desde o princípio do século 20 da importância da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão para a convivência democrática, como, aliás, assinalado recentemente em julgamento no Supremo Tribunal Federal pelo Ministro Carlos Ayres Britto, que apontou a liberdade de imprensa como um dos pilares essenciais do Estado Democrático de Direito.