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Autoridades francesas confirmam identidade de atirador de Paris


Por Igor Waltz*

21/11/2013


Imagem de câmeras de segurança ajudaram na identificação de Abdelhakim Dekhar (Crédito: EFE)

Imagem de câmeras de segurança ajudaram na identificação de Abdelhakim Dekhar (Crédito: EFE)

O ministro do Interior da França, Manuel Valls, confirmou na noite de quarta-feira, 20 de novembro, que um homem de origem argelina, detido momentos antes, foi o responsável pelos ataques às redações do jornal Libération e do canal de televisão BFMTV. Abdelhakim Dekhar, de 48 anos, foi identificado graças às amostras de DNA recolhidas durante a investigação. A polícia chegou até o atirador após a denúncia de um cidadão que hospedou Dekhar em sua casa e o identificou através das imagens divulgadas pela imprensa.

Dekhar foi preso em um estacionamento de Bois-Colombes, cidade a cerca de 10 km a noroeste de Paris. De acordo com o ministro, Dekhar teria tentado cometer suicídio pouco antes de ser detido, por volta das 15h (horário de Brasília). Ele foi encontrado em estado “semi-inconsciente” em um carro, após ingerir medicamentos.

“Tudo demonstra que Abdelhakim Dekhar tentou se matar. É importante saber a verdade sobre suas motivações e que ele responda a seus atos graves”, disse Valls.

O DNA do detido foi comparado com amostras genéticas encontradas em vários cartuchos e no carro usado na fuga do atirador, o que permitiu a confirmação do envolvimento do suspeito nos ataques.

“Foi necessário atuar com muito profissionalismo porque havia o temor de que ele atirasse novamente ou que tentasse se matar”, declarou o ministro francês. Ainda segundo Valls, o detido não se encontra em condições físicas para falar e será preciso “ter paciência” para que suas motivações sejam conhecidas.

Antes de ser preso, o atirador teria deixado duas cartas, uma com instruções sobre sua morte, e outra em que denuncia o fascismo, o capitalismo e a manipulação pelos meios de comunicação. O conteúdo de uma das mensagens, considerado “delirante” por uma fonte próxima à investigação, evoca de forma incoerente afirmações de ordem política, fazendo referência a “países estrangeiros e conflitos internacionais”. Ele cita um complô fascista e critica a mídia que “entrega aos cidadãos mentiras em pequenas colheres”.

Além de ter ferido gravemente um jovem fotógrafo na sede do jornal Libération e ter atirado contra a fachada de um prédio no bairro empresarial de La Défense na segunda-feira, 18 de novembro, Dekhar também ameaçou um jornalista do canal BFMTV na sexta-feira anterior, 15 de novembro. O fotógrafo de 27 anos segue internado em estado grave.

Passagem pela prisão

Dekhar, também conhecido como Toumi, é um militante de extrema esquerda e já havia sido condenado pela justiça em 1998. Seu DNA não foi arquivado pela polícia porque a França não fazia esse tipo de registro nos anos 1990.

Na época, ele foi sentenciado a quatro anos de prisão por ter fornecido uma arma a um casal de jovens anarquistas, mas foi solto em 1999. Florence Rey e Audry Maupin, na época com 19 e 23 anos, mataram quatro pessoas, incluindo três policiais, durante um tiroteio em Paris, em 1994.

O caso é um dos mais célebres na França e ficou conhecido como “Caso Rey-Maupin”. Os jovens assassinaram três policiais e um motorista de táxi. Maupin morreu, enquanto Florence foi presa e condenada a 15 anos de prisão, sendo libertada recentemente. O caso virou livros, programas de TV e filmes.

*Com informações da RFI, Estado de S. Paulo, O Globo e The Independent.